03 junho 2011

O PAI PREVIDENTE

Havia outrora um homem viúvo muito rico, que tinha um filho único. Ele estava muito preocupado com o futuro de seu filho, com efeito, o moço tinha muitos amigos com os quais dilapidava a fortuna do pai. Só pensava em farrear cercados dos amigos que, sem nenhum escrúpulo, aproveitavam das suas larguezas.
O pai tentava aconselhá-lo e implorava que renunciasse a esta vida ociosa. Dizia que enquanto se proporcionam festanças, os amigos se multiplicam, mas ao primeiro sinal de pobreza eles desaparecem. Mas não adiantava.
Gradativamente o dinheiro escoava pelo ralo e o pai pensava no que fazer quando sua fortuna acabasse.
Pressentindo o seu fim, o ancião tenta encontrar um meio para que, após sua morte, seu filho não fique na miséria.
Um dia, ele retira duas ripas do teto do seu quarto, enche um jarro com moedas de ouro e o coloca no vão do teto. A seguir, recoloca as duas ripas no seu devido lugar e usa dois preguinhos para fixá-los. Coloca, também, entre as ripas um pequeno aro de metal ao qual está amarrada uma corda. Por fim chama o filho e diz: Meu querido filho, estou morrendo. Vou te dar o meu último conselho, imploro que você o siga. Quando acabar o dinheiro, quando teus amigos desaparecerem  quando ficar pobre de verdade e desesperado, enforca-te com essa corda e pense no seu pai, que tanto gosta de você.” 
Pouco tempo depois, o pai faleceu.
Após alguns dias de luto e de lágrimas, o filho torna a viver como dantes.
Todos os bens que o pai tinha acumulado, com tanto sacrifício, desaparecem em fumaça.
E um belo dia o que o pai temia, acontece. Pergunta-se, aturdido, como vai viver daqui para diante.
Pede, então, auxílio aos seu amigos de farra aos quais tanto ajudou. Mas os falsos amigos, esquecendo da liberalidade do companheiro, zombam dele, o abandonam e vão à procura de um outro otário endinheirado. 
O moço se vê na obrigação de trabalhar e acha, mal e mal, um lugar de carregador de caminhão para poder sobreviver. Mas esta vida, à qual não está acostumada, torna-se insuportável.
E um dia, quando o desespero chega ao climax, ele  recorda das últimas recomendações de seu pai e decide;”Não há melhor dia para me enforcar”.
Vai até o quarto, sobe num banquinho, enfia a corda no pescoço, afasta o banquinho com o pé para enforcar-se. Mas antes da corda esticar por completo, as duas ripas, que estavam presas pelos dois preguinhos, cedem e o moço se espatifa no chão junto com o jarro das moedas de ouro.
Nesse instante ele entende o intuito de seu pai, que colocou esse tesouro prevendo os dias difíceis e o agradece do fundo do coração.
Decide mudar de vida e tornar-se o moço que o seu pai tanto sonhara.

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