08 maio 2011

Ninguém é perfeito

 Todo mundo sabe disso, então por que continuamos desejando os ideais? Um par perfeito. Alguém do seu número, que atenda aos seus anseios, que diga o que sempre sonhou escutar.

  Alguém que lhe dê colo na hora certa, o abrace quando carente, incentive quando está fraquejando. A fantasia nos acompanha sempre e devemos dar a ela o lugar que merece. Nem sempre é consciente. Podemos insconscientemente viver fantasias sobre as quais nada sabemos. Sabemos apenas que a vida tem a tonalidade que damos a ela na nossa subjetividade. Como ver o mundo através de lentes coloridas, nossa subjetividade vê o mundo e tudo o que ocorre por meio de registros antigos. Da formatação infantil construída a partir do romance familiar somada às predisposições com que cada um interpreta o mundo e as pessoas e, como consequência, sente o que vivencia. Devaneios, anseios, sonhos e planos que duvidamos realizar um dia são imprescindíveis para o progresso e a direção de nossos passos. São raízes de objetivos futuros e talvez concretos, isto é, quando lhe damos crédito. E, quantas vezes depois de realizados, nos lembramos de tantas dúvidas que tivemos no caminho!

 As fantasias são diferentes dos devaneios. Diferentemente do sintoma que nos é apresentado nas consultas, as fantasias são ocultadas, nem sempre atendem aos ideais da nossa cultura. Movem o mundo subjetivo, em parte, às vezes são ignoradas e, outras vezes, não declaradas. 
Apesar dessa divisão, das imperfeições, caso as suportemos, conseguiremos viver uma vida razoável, teremos contentamento e satisfações na medida do possivel. Às vezes mais do que algum dia previmos, outras muito menos. É a perene postura de reação conservadora aos que, nos insondáveis domínios do afeto, soltam por inteiro as amarras desse navio chamado coração. 

Por Regina T. Costa / Ayres Britto

Nenhum comentário:

Postar um comentário